Agregador de feeds

Você está aqui

A melhor hora para criar músculos é agora!

G1 - Ciência e Saúde - dom, 26/02/2023 - 06:01

Quando a gente faz uma busca por imagens de pessoas mais velhas se exercitando, aparecem muitas fotos de aulas de ioga, caminhadas e até de corrida, mas poucas de adultos maduros malhando com pesos – no caso das mulheres, essas são retratadas quase sempre com pesinhos de um quilo e olhe lá... A constatação aborreceu a britânica Anna Jenkins, de 50 anos, e a motivou a criar uma academia somente para mulheres, com nome de movimento: We Are Fit Attitude (algo como “Nossa atitude é estarmos em forma”). Ela dá aulas on-line e presenciais para alunas que vão dos 30 aos 70 anos e, numa das sessões de malhação, a turma decidiu fazer fotos do grupo e enviá-las para os bancos de imagem, com o objetivo de dar uma “oxigenada” no imaginário coletivo sobre a maturidade e a velhice. Alunas confraternizam durante treino Jason Alfred-Palmer Numa entrevista para o jornal “The Guardian”, Jenkins contou que observava como, nas academias, muitas mulheres maduras se limitavam a utilizar a esteira, sem se aventurar na área dos pesos: “este pode ser um ambiente bem desencorajador se você não está satisfeita com seu corpo, é como se não tivesse o direito de fazer parte dele. No entanto, especialmente a partir dos anos próximos à menopausa, precisamos exatamente de treinos de força”. A turma We Are Fit Attitude: adeptas do treino de força Jason Alfred-Palmer Começamos a perder massa muscular por volta dos 30 anos e o treino de força é fundamental para dar sustentação ao corpo à medida que ele envelhece. Isso ficou mais do que provado em pesquisa realizada na Tufts University, nos EUA, com idosos de uma instituição de longa permanência submetidos a um regime de exercícios com pesos. As idades variavam entre 87 e 96 anos e, em oito semanas, houve ganho de massa muscular, melhora de coordenação e equilíbrio. Como afirma o médico Deepak Chopra em seu livro “Corpo sem idade, mente sem fronteiras”, “tais resultados sempre foram possíveis, o que aconteceu foi que uma crença foi alterada e o processo de envelhecimento também se alterou”. A Tufs implementou seu estudo, chamado “Lifestyle Interventions and Independence for Elders” (“Intervenções no estilo de vida para a independência dos mais velhos”), num centro comunitário. Durou seis meses e envolveu 40 adultos entre 65 e 89 anos que tinham algum problema de locomoção. Quem participou de pelo menos 25% das atividades semanais teve ganhos consideráveis em mobilidade e funções mentais. Houve ainda uma redução de 60% nas quedas, um dos principais motivos de preocupação para os idosos. Para encerrar, trabalho recente de pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo mostra que uma rotina de musculação é indicada para pessoas com hipertensão arterial. O estudo, publicado na revista científica “Scientific Reports”, aponta que, para a redução da pressão, o mais eficaz é utilizar carga de moderada a vigorosa, em duas ou três sessões semanais, com duração mínima de oito semanas. A britânica Anna Jenkins, de 50 anos: academia somente para mulheres Divulgação
Categorias: Notícias de RSS

Maior incidência de demência em mulheres pode estar relacionada à desigualdade

G1 - Ciência e Saúde - qui, 23/02/2023 - 06:00

Um estudo envolvendo quase 30 mil indivíduos de 18 países, nos seis continentes, sugere que a desigualdade social e econômica pode explicar a maior incidência de demências em mulheres – no caso do Alzheimer, elas respondem por dois terços dos pacientes. Como os fatores de risco não diferem no que diz respeito ao gênero, o fato de a expectativa de vida feminina ser superior à masculina vinha sendo apontado como uma das principais causas para o surgimento da doença, tese que Jessica Gong, pesquisadora do The George Institute for Global Health e principal autora do trabalho, questiona: Mulheres representam dois terços dos pacientes com Alzheimer: pesquisadores estão interessados na questão da educação, considerada um fator de proteção contra o declínio cognitivo GoranH para Pixabay “A longevidade feminina não pode ser responsabilizada por essa diferença. A maior parte das pesquisas é realizada em países de alta renda e há poucos dados dos países de média ou baixa renda, onde o número de casos vem se tornando cada vez mais expressivo. É justamente onde a desigualdade é um fator de risco mais acentuado”. O número de pessoas vivendo com algum tipo de demência deve ultrapassar 150 milhões em 2050, com um crescimento significativo nos países menos abastados, sem meios de intervir nos indicadores sociais e econômicos associados à doença. Em 2020, artigo publicado pelo “Lancet Commission Report” estimou que 12 fatores de risco modificáveis – todos atrelados a políticas públicas de qualidade – são responsáveis por quase metade dos casos de demência. Segue a lista: baixo nível educacional, hipertensão, obesidade, diabetes, depressão, problemas de audição, consumo excessivo de álcool, fumo, sedentarismo, relações sociais limitadas, poluição atmosférica e traumas no cérebro. Os pesquisadores estão particularmente interessados na questão da educação, considerada um fator de proteção contra o declínio cognitivo. Em países de renda média ou baixa, as mulheres ainda enfrentam desafios não só para estudar como para conseguir oportunidades profissionais. A epidemiologista Sanne Peters, que integrou o time responsável pelo levantamento, acrescentou a violência doméstica como outro problema cujos efeitos vão se refletir na saúde cognitiva na velhice. O Women´s Brain Project (Projeto Cérebro da Mulher), misto de movimento e instituição criado em 2016, quer aprofundar a discussão sobre as diferenças de gênero e sua relação com problemas neurológicos e psiquiátricos. É o que defende sua criadora, a médica Antonella Santuccione Chadha: “temos que investigar para distinguir o que é biológico e o que é social, e se temos uma combinação dos dois fatores”. Historicamente, o nível educacional das mulheres é menor e, em várias partes do mundo, há barreiras para impedir seu acesso à instrução. Além da questão hormonal, cuja produção declina a partir da meia-idade, há aspectos socioculturais que representam um risco extra – um deles seria o estresse de ser cuidadora, função quase sempre feminina.
Categorias: Notícias de RSS

Sono irregular aumenta o risco de aterosclerose e doença cardiovascular

G1 - Ciência e Saúde - ter, 21/02/2023 - 06:00

E lá vamos nós tratar, mais uma vez, da importância do sono para o equilíbrio do organismo. Acaba de sair do forno estudo da Universidade Vanderbilt, nos EUA, mostrando que o risco de aterosclerose aumenta quando não adotamos um padrão de descanso satisfatório. Estudo da Universidade Vanderbilt mostra que o risco de aterosclerose aumenta quando não adotamos um padrão de descanso satisfatório American Heart Association A qualidade do sono é medida não somente pelo número de horas e quantidade de interrupções, como também leva em conta a variação do horário em que se vai para a cama: regularidade é a chave, ou seja, o ideal é dormir sempre no mesmo horário e não muito tarde. Uma boa meta seria “desligar” às onze da noite para se levantar às sete com disposição. O estudo acompanhou 2.032 participantes norte-americanos, com idade média de 69 anos, de regiões e etnias diferentes. Entre 2010 e 2013, todos usaram um dispositivo no pulso que detectava se estavam acordados ou dormindo. Também faziam um diário do sono durante sete dias consecutivos e se submetiam a polissonografias, exame que mapeia distúrbios como a apneia noturna. Os indivíduos com padrão de sono irregular eram os que apresentavam, com maior frequência, um quadro de depósito de cálcio nas artérias coronárias e de placas obstrutivas nas carótidas. Os cientistas constataram uma condição de aterosclerose sistêmica. Além de estreitarem as artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo e o transporte de oxigênio e nutrientes para o organismo, as placas podem se romper e criar coágulos que vão bloquear os vasos, provocando um infarto ou acidente vascular. Para a epidemiologista Kelsie Full, professora da faculdade de medicina da universidade e principal autora do trabalho, a qualidade do sono tem que ganhar prioridade em consultórios e ambulatórios. “Quase todas as funções cardiovasculares, incluindo batimentos cardíacos, pressão arterial, tônus vascular e as funções das células endoteliais (que permitem a conexão entre componentes da circulação e sistemas do organismo), são reguladas pelos genes do relógio biológico. Disrupções do ritmo circadiano podem resultar num quadro de inflamação crônica”, relatou a equipe, que contava ainda com pesquisadores de Harvard, Mount Sinai, Johns Hopkins e Universidade da Califórnia, campus San Diego. Um sono fragmentado e de curta duração – o ideal seria entre sete e nove horas – está diretamente relacionado com o surgimento de doença cardiovascular, hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2. A American Heart Association incluiu o sono entre as oito recomendações para garantir a saúde do coração. As outras sete são: alimentação saudável, atividade física, não fumar, controlar peso, colesterol, pressão arterial e nível de glicose.
Categorias: Notícias de RSS

“A medicina da longevidade deveria ser a missão de todos os hospitais”, diz médica

G1 - Ciência e Saúde - dom, 19/02/2023 - 06:00

O que uma pediatra e neonatologista tem a ver com as questões do envelhecimento? Talvez essa seja a pergunta mais frequentemente endereçada à médica Tzipi Strauss, professora da Universidade de Tel Aviv e que está à frente da criação do centro de longevidade do Sheba Medical Center, o maior hospital de Israel – que há quatro anos figura entre os dez melhores do mundo. No dia 9 de fevereiro, numa palestra virtual promovida pela National University of Singapore, ela detalhou sua nova empreitada: Tzipi Strauss, professora da Universidade de Tel Aviv: “não vai bastar a medicina ser preventiva, ela terá que ser proativa” Divulgação “Considerando que começamos a envelhecer assim que nascemos, o tema interessa a todos. A menopausa representa um período de aceleração do envelhecimento e eu mergulhei no assunto ao passar a ter problemas para dormir, depois dos 45 anos. A medicina da longevidade deveria ser missão de todos os hospitais, mas os próprios médicos desconhecem os fundamentos que sustentam uma velhice que não seja apenas longa, mas também saudável”. Atualmente, seu trabalho se divide em duas frentes: incluir a disciplina no currículo da Universidade de Tel Aviv e inaugurar no Sheba, até setembro, o Healthy Longevity Center (centro de longevidade saudável) para o grande público acima dos 40. “Queremos mudar o conceito e transformar o hospital numa ‘cidade da saúde’. Com o tempo, tenho certeza de que convenceremos não somente os CEOs sobre a relação entre custo e benefício desta mudança, mas também seguradoras e profissionais da saúde. Tratar as consequências da fragilidade e demências sai muito mais caro”, enfatizou. “Não vai bastar a medicina ser preventiva, ela terá que ser proativa, se antecipando aos problemas e criando condições para que cuidemos do corpo, da mente e das emoções. Mas as pessoas terão que se engajar: não é só fazer check-up ou colonoscopia, é preciso se exercitar, ter uma dieta alimentar saudável e sono de qualidade”. O centro vai focar em quatro áreas que, na avaliação da médica, estão diretamente relacionadas com a longevidade: aspectos cognitivos, sono, fragilidade e menopausa. “Uma abordagem que englobe esses quatro aspectos pode influenciar a forma como envelhecemos”, afirmou. O check-up deve durar entre quatro e cinco horas e a pessoa irá para casa com um monitor do sono. Terá ainda um questionário para completar e o retorno se dará em cerca de três semanas. Com base nas informações coletadas, uma equipe multidisciplinar elaborará um “plano de voo” para ser implementado. A medicina tradicional vê o envelhecimento como uma condição fisiológica na qual ocorrem manifestações de patologias relacionadas à idade. Já a medicina da longevidade entende que é possível realizar intervenções que previnam os fatores de risco associados à velhice. A OMS (Organização Mundial da Saúde) propôs que a década de 2020-2030 tenha como foco o envelhecimento saudável. A própria entidade prega que o objetivo não é a completa ausência de doença, e sim a preservação da capacidade funcional que garanta a independência do indivíduo. É bacana ver alguém de 80 anos correndo uma maratona, mas isso é exceção. A regra deveria ser a oportunidade de todos os idosos serem ativos e se sentirem prestigiados, e não cidadãos de segunda classe.
Categorias: Notícias de RSS

Desafio do design estimula inovação em produtos e serviços para o envelhecimento saudável

G1 - Ciência e Saúde - qui, 16/02/2023 - 06:01

O “Design Challenge”, criado pelo Centro de Longevidade de Stanford, chega à sua décima edição fiel ao objetivo de estimular a inovação na área do envelhecimento ativo. Desta vez, o foco era criar produtos e serviços capazes de contribuir para que sejam saudáveis os anos que ganhamos em termos de expectativa de vida. O mais interessante é que o escopo do desafio era bem amplo: como a longevidade é uma construção que se inicia dentro do útero – e precisa de “tijolinhos” ao longo de toda a nossa existência – os projetos não precisavam estar atrelados a questões restritas à velhice. Ao todo foram enviados 241 projetos, de 38 países. Os oito finalistas foram selecionados por 35 jurados de diferentes áreas: indústria, academia e organizações sem fins lucrativos. Cada um recebeu mil dólares e todos irão para a grande final, que se realizará na universidade em abril e terá um prêmio de dez mil dólares. “Não queremos que as pessoas apenas vivam um número maior de anos, mas com a saúde debilitada. Queremos que todos possam construir uma existência saudável a partir da infância e mantenham essa condição”, afirmou Marie Conley-Smith, coordenadora do concurso. 2Care: ferramenta para monitorar a saúde periodontal é uma das oito finalistas do “Design Challenge”, concurso criado pelo Centro de Longevidade de Stanford / Divulgação Divulgação Faço uma breve descrição de cada proposta, porque todas servem de inspiração para os que militam nessa área: 2Care é uma ferramenta para monitorar a saúde periodontal criada por estudantes de Tunghai University, Ming Chi University of Technology e National Taipei of Education, todas de Taiwan. Trata-se de um pequeno aparelho cujo feixe de luz azul detecta se os dentes estão limpos e há placa bacteriana. Ele reproduz imagens que podem ser arquivadas no celular e enviadas, além de estar associado a um aplicativo que marca consultas com um dentista. Pesquisas mostram que uma boca doente é uma espécie de “berçário” de agentes inflamatórios que se espalham pela corrente sanguínea. Fitness & Fun Facility (Beijing Institute of Technology, China): linha de equipamentos para espaços públicos concebida para ser utilizada por avós e netos, aprofundando laços entre as gerações. PaperRoad (Carnegie Mellon University, EUA): plataforma de inteligência artificial voltada para adolescentes com questões de saúde mental. Shakti (University of California, campus Davis, EUA): aplicativo que detecta problemas de anemia e monitora a suplementação de ácido fólico e ferro por mulheres grávidas. A anemia gestacional aumenta o risco de aborto espontâneo, restrição do crescimento fetal e prematuridade. Sonura (University of Pennsylvania, EUA): sistema sonoro para UTIs neonatais que reproduz o ambiente do útero e envia mensagens de áudio dos pais para os bebês internados, diminuindo o estresse ao qual os pequeninos estão submetidos. Tree of Life (NMIMS School of Design, Índia): jogo de tabuleiro que ajuda as pessoas a entender as alterações cognitivas que acompanham a idade e o que pode ser feito para preservar a saúde mental e psíquica. Unpause Life (NMIMS School of Design): kit com informações e testagem hormonal para o período da menopausa. Variable Reactive Board (New York University and Pratt Institute, EUA): aparelho para treinar o equilíbrio, habilidade fundamental para os mais velhos, uma vez que o risco de quedas aumenta com a idade.
Categorias: Notícias de RSS

Terremotos na Turquia e na Síria: Por que há pessoas que morrem logo depois de resgatadas?

G1 - Ciência e Saúde - ter, 14/02/2023 - 16:57
Terremoto na Turquia e na Síria: resgates emocionantes Em seguida ao grave terremoto na Síria e na Turquia, Zeynep ficou mais de 100 horas presa sob os destroços de uma casa desmoronada, antes que forças de resgate pudessem libertá-la. "Ela está bem, considerando as circunstâncias", informava um comunicado de imprensa da organização de ajuda humanitária ISAR Germany (International Search And Rescue), que participou da operação. Pouco mais tarde, porém, Zeynep morreu. "No caminho para o hospital, ela ainda riu", conta o socorrista Bastian Herbst, da ISAR. Segundo ele, pode haver "120 mil razões" para o óbito, como lesões internas só diagnosticadas posteriormente. Um dos motivos para a morte de Zeynep, porém, pode ter sido a chamada morte pós-resgate. Sangue frio letal Uma das causas possíveis desse fenômeno é a hipotermia. Sob as temperaturas glaciais na área do desastre, os vasos sanguíneos se estreitam: desse modo o organismo assegura que o mínimo possível do precioso calor interno se perca no ambiente através da pele ou das extremidades. Nessas partes do corpo, a temperatura do sangue baixa, enquanto no núcleo físico o sangue quente garante o funcionamento dos órgãos vitais. Mas o salvamento de Zeynep foi complicado. "Tivemos que movê-la muito para poder libertá-la", recorda Herbst. Nesse processo, pode ocorrer de os vasos se dilatarem, e o sangue frio fluir para os órgãos internos, provocando distúrbios do ritmo cardíaco e consequente morte. Danos renais e fibrilação O socorrista alemão conta que as pernas de Zeynep estavam soterradas sob pedras e escombros. Ela ainda conseguia mover os pés, mas é possível que os tecidos dos membros estivessem lesionados. Lesões musculares liberam a proteína mioglobina, responsável pelo transporte de oxigênio dentro das células do tecido. Quando o acidentado fica livre, o sangue volta a circular subitamente, inundando o organismo com mioglobina, o que pode causar falência dos rins e consequente elevação dos níveis de potássio. O excesso desse mineral, por sua vez, provoca fibrilação ventricular, com risco de morte especialmente alto para portadores de enfermidades cardíacas. Alívio de tensão pode precipitar fim Outra causa é o proverbial "morrer na praia": "Conhecemos isso dos naufragados: no momento em que veem a equipe de resgate, não podem mais, e se afogam", explica Herbst. Os hormônios do estresse cuidam para que as funções corporais se mantenham. Quando essa tensão cede, a consequência pode ser uma queda radical da pressão sanguínea. Tampouco se descartam motivos psicológicos para uma morte pós-resgate: Zeynep perdeu o marido e os filhos no abalo sísmico. "Talvez ela tenha se dado conta do fato, e isso a privou da vontade de viver", especula Bastian Herbst. "É algo que não sabemos."
Categorias: Notícias de RSS

Suplementação de vitamina D pode diminuir o risco de diabetes

G1 - Ciência e Saúde - ter, 14/02/2023 - 06:00

Uma revisão de ensaios clínicos revelou que o risco de desenvolver diabetes diminuía 15% em adultos com pré-diabetes – aqueles com valores de glicemia em jejum entre 100 e 125mg/dL, ou de hemoglobina glicada entre 5.7% e 6.4% – que faziam uso de uma dosagem maior de vitamina D. Além de a chance de progressão para a doença aumentar significativamente para quem está nesse patamar, quem tem pré-diabetes está mais sujeito a sofrer um infarto ou derrame do que as pessoas com níveis normais de glicose. Suplementação de vitamina D pode diminuir o risco de diabetes em 15% Martin Büdenbender para Pixabay A Sociedade Brasileira de Diabetes estima que o Brasil tenha cerca de 13 milhões de diabéticos, sendo que metade desconhece ter a enfermidade, e calcula-se que pelo menos 40 milhões sejam pré-diabéticos. Pesquisadores do Tufts Medical Center avaliaram a relação entre um reforço de vitamina D e o desenvolvimento do diabetes. Depois de três anos de acompanhamento de pacientes, o surgimento da doença ocorreu em 22.7% dos adultos que faziam uso do suplemento, e em 25% dos que recebiam placebo: uma diminuição de 15% nas chances de adoecer. Estimando que há 374 milhões de pessoas com pré-diabetes no mundo, eles avaliam que pelo menos 10 milhões poderiam se beneficiar com a adoção da suplementação. O estudo foi publicado no “Annals of Internal Medicine”. Na verdade, a vitamina D é um hormônio produzido pelo corpo humano. Quando foi batizada como vitamina, acreditava-se que só era obtida pela alimentação, e por isso ganhou a letra D, depois das vitaminas A, B e C. Só na década de 1970 os cientistas descobriram que podia ser sintetizada pelo organismo. As evidências sugerem que, além de ser uma substância relevante como reguladora do metabolismo do cálcio e da saúde óssea, a vitamina D modula, direta ou indiretamente, cerca de 3% do genoma humano, participando do controle de funções essenciais à manutenção do equilíbrio sistêmico, tais como crescimento, diferenciação e morte celular, regulação dos sistemas imunológico, cardiovascular e musculoesquelético, e no metabolismo da insulina. Entretanto, cientistas da University College Dublin alertaram que a vitamina D, em doses muito altas, também pode causar efeitos adversos severos, e que os médicos devem ficar atentos a limites seguros para sua prescrição. Dois outros tipos de manejo da condição apresentam resultados mais parrudos: em primeiro lugar, de longe, mudanças no estilo de vida (58% na diminuição do risco) e o medicamento metformina (31%).
Categorias: Notícias de RSS

Mercado tech para os 50 mais: cenário de expansão em 2023

G1 - Ciência e Saúde - dom, 12/02/2023 - 06:00

De celulares a TVs de última geração, passando por relógios inteligentes e assistentes virtuais para a casa, os 50 mais não são apenas adeptos da tecnologia como estariam dispostos a gastar com produtos e serviços que atendessem às suas necessidades. Esse é o resultado de um levantamento sobre as tendências do mercado tech sênior realizada pela AARP, que representa dezenas de milhões de aposentados norte-americanos. Divulgada em janeiro, a pesquisa ouviu quase 3 mil pessoas entre setembro e outubro de 2022. Segmento sênior: adoção maciça de tecnologia e disposição para gastar mais em produtos e serviços José Godoy Oito em cada dez entrevistados declararam que a tecnologia se tornou parte indispensável de suas vidas. No entanto, 68% afirmaram que o desenvolvimento dos produtos não leva em conta o grupo do qual fazem parte: as críticas se concentram na complexidade e falta de instruções claras para usar os aparelhos. Embora a maioria esteja no Facebook e no YouTube, houve um crescimento da presença dos mais velhos no Instagram (de 24% em 2021 para 28% em 2022) e no TikTok (de 10% para 15% no mesmo período). O streaming também ganhou destaque no lazer, passando de 29% para 35%. No Brasil, de acordo com dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, 97% acessam a internet, principalmente para se informar, manter contato com a família ou buscar informações sobre serviços e produtos. Os aplicativos mais usados no celular são as redes sociais (72%); de transporte urbano (47%); e bancários (45%). O WhatsApp vem na frente (92%), seguido pelo Facebook (85%) e Youtube (77%). Os idosos conectados ainda utilizam a internet para realizar compras, especialmente eletroeletrônicos (58%); remédios (49%); e eletrodomésticos (47%). A expansão do mercado não se restringe à comunicação e ao entretenimento: cuidadores familiares têm demonstrado interesse crescente por aplicativos que os auxiliem na tarefa de zelar por entes queridos. Na faixa entre 50 e 60, muitos têm pais e mães em condições de fragilidade que demandam cuidados, e toda ajuda é bem-vinda para diminuir custos e manter a qualidade de vida dos idosos. A inteligência artificial vai tomar conta dos lares: sensores para detectar quedas e equipamentos acionados por controle de voz têm enorme potencial, mas a tecnologia tem que ser menos complexa e mais intuitiva. Para quem cuida e quem é cuidado. A Universidade de Michigan fez um estudo, no fim de 2022, no qual destacava que 54% dos adultos entre 50 e 80 anos davam algum tipo de assistência a um idoso – e o principal cuidador familiar continua sendo uma mulher de meia-idade, que soma tal responsabilidade a inúmeros outros compromissos. O grupo acima dos 80 anos é o mais exposto a fraudes: em 2021, dos US$ 151 milhões (perto de R$ 800 milhões) de perdas relatadas, US$ 47 milhões (quase R$ 250 milhões) tinham sido surrupiados de pessoas nessa faixa etária.
Categorias: Notícias de RSS

Milionário exibe ao público seu experimento para rejuvenescer

G1 - Ciência e Saúde - qui, 09/02/2023 - 06:00

Bryan Johnson tem 45 anos e é um empreendedor milionário que atua na área de tecnologia. Firme na convicção de que o dinheiro compra tudo, cercou-se de uma equipe de 30 profissionais, liderada pelo médico Oliver Zolman, que gastou, em um ano, cerca de US$ 2 milhões (o equivalente a R$ 11 milhões) para fazê-lo “desenvelhecer” – o objetivo é voltar a ter 18 anos! Bryan Johnson: milionário gastou 2 milhões de dólares em um ano para rejuvenescer Divulgação Johnson criou uma espécie de reality show do seu projeto, iniciado em outubro de 2021 e batizado de Blueprint, que pode ser acompanhado pelos internautas. De acordo com a miríade de testes a que se submete, já diminuiu sua idade biológica em pelo menos cinco anos. Os resultados apontam que tem o coração de um homem de 37; a pele de alguém com 28; capacidade respiratória e aptidão física de um garotão de 18. Às cinco da manhã, toma duas dúzias de suplementos e remédios, de licopeno a metformina. E também açafrão e gengibre para deter inflamações; zinco para complementar a dieta vegana de 1.977 calorias; uma microdose de lítio para o cérebro. Seu índice de gordura corporal está entre 5% e 6% e a atividade física é composta de uma hora por dia com 25 tipos de exercícios diferentes e, três vezes por semana, treino de alta intensidade. A malhação é acompanhada por suco verde turbinado com creatina, flavoides de coco e colágeno. Há medições diárias de peso, índice de massa corporal, nível de glicose no sangue e batimentos cardíacos, além de oxigenação enquanto dorme. Mensalmente, realiza dezenas de exames e procedimentos, como ultrassonografias e ressonâncias magnéticas. Tratamentos estéticos para a pele e tingimento dos cabelos fazem parte do pacote. Atividade física compreende uma hora diária com 25 exercícios diferentes e treinos de alto impacto três vezes por semana Divulgação “O que estou fazendo pode soar como algo extremo, mas quero provar que a decadência física não é inevitável”, afirmou à Bloomberg. Quando estava na casa dos 30 e criou uma bem-sucedida companhia de pagamentos chamada Braintree Payment Solutions, Johnson se viu acima do peso e profundamente estressado. Depois de vendê-la em 2013, por 800 milhões de dólares, iniciou a jornada à qual se dedica de corpo e alma. O foco dos negócios também mudou: fundou duas empresas na área de biotecnologia, OS Fund e Kernel. Seus próximos passos incluem experimentos de terapia gênica – em si mesmo, claro.
Categorias: Notícias de RSS

Seis receitas para reinventar a aposentadoria

G1 - Ciência e Saúde - ter, 07/02/2023 - 06:00

Gabriel Martinez ainda não completou 44 anos, mas já foi fisgado pelo envelhecimento. Em 2015, lançou o documentário “Envelhescência”, reunindo seis histórias inspiradoras de idosos que não consideravam a idade impedimento para realizar seus sonhos. Nesta quinta-feira, apresenta ao público “Além do aposento”, filme que dá continuidade à temática do anterior: “dessa vez, quis focar na vida depois da aposentadoria, quando muitos se perguntam o que farão dali para a frente”, diz. Guido: tradutor que, após sofrer um sequestro relâmpago, decidiu abandonar São Paulo e mudou-se para Ilhabela, onde trabalha com turismo Divulgação “Gosto das histórias inspiradoras, onde há uma boa dose de otimismo. A velhice é a última fase de nossas vidas, mas isso não quer dizer que não possa ter significado. É preciso que todos trabalhemos contra o estigma que ainda existe”. O documentário traz depoimentos de seis pessoas, intercalados pelas falas do médico e gerontólogo Alexandre Kalache, que participou da primeira obra. Há relatos fortes como a de Anildo que, diante do tempo livre depois de se aposentar, acabou se tornando alcoólatra. No entanto, graças à insistência de um amigo, começou a correr. A corrida também entrou na vida de Tomiko depois de ser diagnosticada com osteoporose. Atualmente, não só a doença regrediu como enfrenta ultramaratonas e chegou a correr 217 quilômetros. Já Guido, sul-africano naturalizado brasileiro, era tradutor e, após sofrer um sequestro relâmpago com o filho, decidiu abandonar São Paulo e mudou-se para Ilhabela, onde trabalha com turismo. O título do documentário é uma provocação: aposentadoria e aposento têm a mesma origem – vêm do latim pausare, ou seja, dar uma pausa, parar – e os personagens querem justamente o contrário. O cineasta se prepara para, em abril, fazer uma viagem para as chamadas “blue zones”, regiões onde a população tem uma alta expectativa de vida: Sardenha (Itália), Okinawa (Japão), Nicoya (Costa Rica), Ikaria (Grécia) e Loma Linda (EUA). Vem documentário novo por aí... Serviço: Estreia: dia 9, às 20h30min, no Cine Marquise (Av. Paulista 2073, Cerqueira César, São Paulo). Os ingressos são grátis, mas devem ser retirados uma hora antes e o acesso está sujeito à lotação do local. O documentário será depois disponibilizado no link.
Categorias: Notícias de RSS

Aprenda a gostar do seu corpo maduro

G1 - Ciência e Saúde - dom, 05/02/2023 - 06:00

Nas duas últimas colunas, falei da importância de uma alimentação equilibrada para evitar doenças crônicas e do risco aumentado para demência num quadro de sobrepeso, ou obesidade, a partir da meia-idade. Quero enfatizar que meu objetivo é a adoção de um estilo de vida saudável, e não buscar padrões estéticos associados à juventude. Por mais que pareça óbvio, aceitar o envelhecimento do próprio corpo ainda soa como uma “missão impossível”, principalmente para as mulheres. As mulheres mais atraentes são aquelas que se sentem confortáveis consigo mesmas Kim Brown para Pixabay Até quem é adepta do exercício se depara, no espelho, com a passagem do tempo: manchas na pele, seios que há muito deixaram de ser empinados, flacidez nas coxas, pneuzinho na barriga. A maioria começa a se cobrir, sem conseguir conviver com o desconforto em relação ao corpo, inclusive durante o sexo. Uma amiga me disse que se recusa a ficar por cima do companheiro, com vergonha de peitos e abdômen com menos tônus. Temos que parar de ouvir essa voz interna, amarga e crítica. A bilionária indústria de cosméticos e profissionais que transitam no território do culto à aparência sugerem que seremos menos amadas se não tivermos o visual de décadas atrás – e a tática funciona. Mas quem são as mulheres maduras atraentes? Não são aquelas mais magras, ou que se submeteram a procedimentos estéticos, e sim as que se sentem confortáveis consigo mesmas. As que riem e respiram à vontade, sem tentar encolher a barriga o tempo todo. Autoestima e confiança funcionam como um ímã. Nocauteie a vozinha talibã que manda que você se cubra. Fique nua em frente ao espelho e admire o corpo que foi seu companheiro em tantos momentos de prazer. Ele está pronto para continuar essa jornada! Em vez de enumerar as falhas, lembre-se que nenhum ser humano é perfeito. Cada um tem sua geografia, marcas e cicatrizes. O chamado “body positive”, termo cunhado na década de 1990 e que poderia ser traduzido como corpo positivo, é um movimento que luta contra a limitação dos padrões de beleza e pela aceitação do próprio visual. Embora esteja mais identificado com a bandeira contra a gordofobia, o preconceito contra o envelhecimento integra essa frente ampla. Lembre-se que o mundo das celebridades e das redes sociais se sustenta à base de intervenções, filtros e manipulações para transformar o real em ideal – e que por trás disso há um mercado extremamente lucrativo. O que o "body positive" ensina: Pare de se comparar com as outras pessoas. Realize atividades que a façam se sentir bem. Inspire-se em corpos semelhantes ao seu. Aprecie tudo o que seu corpo pode fazer e os prazeres que lhe proporciona. No lugar da autodepreciação, contextualize sua trajetória. Em vez de ficar empacada em algo como “detesto minhas estrias”, relembre por que elas fazem parte da sua história. Se são resultado de gestações, o que está por trás das cicatrizes é pura felicidade.
Categorias: Notícias de RSS

Butantan entrega 1,8 milhão de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde para vacinação de crianças no país

G1 - Ciência e Saúde - sex, 03/02/2023 - 10:37

Caminhão chegando ao Instituto Butantan para retirar lotes de vacinas que serão entregues ao Ministério da Saúde Divulgação/Instituto Butantan O Instituto Butantan realizou na manhã desta sexta-feira (3) a entrega de 1.895.600 doses de CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, para a vacinação de crianças de 3 e 4 anos contra a Covid-19 no país. As doses foram produzidas com o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) importado da farmacêutica chinesa Sinovac no final de agosto do último ano. Funcionário em meio a lotes de CoronaVac que serão entregues ao Ministério da Saúde Divulgação/Instituto Butantan Ao todo, o Butantan já forneceu 4,5 milhões de doses para a vacinação pediátrica no Brasil desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial do imunizante CoronaVac no público de 3 anos a 4 anos e 11 meses, em julho de 2022. As entregas ocorreram em quatro etapas: em setembro e novembro do último ano, no início de janeiro de 2023 e nesta sexta-feira. De acordo com o Instituto, para imunizar contra Covid-19 todas as crianças do país na faixa etária liberada, com as duas doses previstas no esquema vacinal de CoronaVac, serão necessárias aproximadamente 12 milhões de doses do imunizante.
Categorias: Notícias de RSS

Por que o sobrepeso na meia-idade afeta seu futuro

G1 - Ciência e Saúde - qui, 02/02/2023 - 06:00

Na coluna passada, citei duas pesquisas sobre a relação entre um padrão alimentar saudável e a diminuição do risco de morte prematura. Hoje, avanço na questão abordando um outro aspecto: trabalho divulgado na revista científica “BMJ Open” aponta que, após os 45 anos, o aumento de peso é um indicador de futuros problemas de saúde. De acordo com cientistas noruegueses, pessoas com sobrepeso (ou obesidade) na meia-idade têm chance maior de se tornaram idosos frágeis 21 anos depois. Sobrepeso e obesidade aumentam o risco de a pessoa se tornar um idoso frágil duas décadas depois Tumisu para Pixabay O conceito de fragilidade, criado pela médica norte-americana Linda Fried, lista um conjunto de características que sugerem um potencial declínio progressivo. Entre os marcadores que mostram a redução na capacidade de desempenho estão perda de peso não intencional; diminuição da força de preensão palmar; desaceleração da velocidade de marcha em segundos; queixas de exaustão; baixo nível de atividade física. Indivíduos com três ou mais critérios presentes são considerados frágeis; aqueles com um ou dois critérios são classificados como pré-frágeis e os que não apresentam nenhuma das alterações são robustos. Apesar de o emagrecimento involuntário indicar um estado de pré-fragilidade, novas pesquisas passaram a considerar a relevância do excesso de peso como fator que interfere no equilíbrio do organismo, principalmente pelo risco aumentado de quedas, hospitalizações e complicações decorrentes de uma internação. O estudo acompanhou 4.500 pessoas, acima dos 45 anos, entre 1994 e 2016. Anualmente, eram registrados seu peso, altura e circunferência da cintura, para estimar a gordura abdominal. A análise mostrou que quem apresentava um quadro de obesidade tinha 2.5 vezes mais chances de estar frágil ou pré-frágil duas décadas depois. No caso de sobrepeso, o risco era duas vezes maior. Outro trabalho, realizado por cientistas da McGill University (Canadá) e publicado dia 31 de janeiro no “Journal of Alzheimer´s Disease”, mapeou aspectos de neurodegeneração associados à obesidade que mimetizam a Doença de Alzheimer. Estudos anteriores já relacionavam a obesidade a alterações compatíveis com o Alzheimer, como danos cerebrovasculares e acumulação de proteína beta-amiloide. Desta vez, utilizando amostras de 1.300 indivíduos, os pesquisadores compararam padrões de atrofia da matéria cinzenta do cérebro em pacientes obesos e portadores de Alzheimer, descobrindo que o afilamento cortical do cérebro era similar nas duas condições. “Nosso estudo reforça outros achados da literatura médica que apontam a obesidade como fator significativo para o surgimento da Doença de Alzheimer, sendo o afilamento cortical um desses riscos. É da maior importância combater o sobrepeso e a obesidade de pacientes na meia-idade, para diminuir as chances de demência”, afirmou Filip Morys, PhD da universidade.
Categorias: Notícias de RSS

Pesquisa da Unicamp encontra resíduos de agrotóxicos em papinhas industrializadas para bebês

G1 - Ciência e Saúde - ter, 31/01/2023 - 14:38

Pesquisa da Unicamp encontra resíduos de pesticidas em papinhas de bebê Uma pesquisa da Unicamp encontrou 21 resíduos de agrotóxicos em 50 amostras de papinhas industrializadas para alimentação de bebês. O estudo apontou que a quantidade localizada é baixa e inferior aos patamares permitidos na Europa. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Realizado em Campinas e na Espanha, o estudo da engenheira de alimentos Rafaela Prata foi publicado na revista Food Control no final do ano passado. Ao todo, ela encontrou resíduos das substâncias tóxicas em 67% das 50 amostras analisadas. "O que a gente encontrou é que em 67% das amostras analisadas, a gente detectou a presença de pesticidas. Apesar de ser um número bastante alto, assusta um pouco, mas foram encontradas em baixíssimas concentrações". Rafaela Prata, pesquisadora da Unicamp, analisa amostra de papinha de bebê Wesley Justino/EPTV Como o Brasil não regulamenta especificamente a quantidade tolerável de fungicidas, herbicidas e pesticidas em papinhas, a pesquisadora utilizou a legislação europeia, existente desde 2006. "Na Europa, a legislação que a gente se baseou existe desde 2006, então a gente [Brasil] estaria um pouquinho atrasado". Regulamentação no Brasil Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, a legislação sobre os limites máximos de resíduos (LMR) utiliza como base as determinações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Nas fiscalizações efetuadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária no âmbito do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/Vegetal) é verificado se os produtos atendem ou não a esses limites". A pasta defende que, pelos resultados, em média 90% dos produtos comercializados atendem aos limites. Especialista em direito médico, Gabriela Rodrigues afirma que a legislação vigente é rígida, mas precisa ser atualizada. "Existe uma legislação rígida sobre a quantidade de agrotóxicos encontrados em qualquer alimento, e existe uma portaria do Ministério da Saúde falando sobre papinha de neném. Só que ela não regulamenta a quantidade de agrotóxico, ela diz que tem que ter a quantidade prevista na legislação para cada alimento". "As normas existentes são seguras, mas o país ainda tem que se desenvolver. Mas, atualmente, as crianças, como toda a população, estão respaldadas para o consumo de qualquer alimento", completa a especialista. Papinha de bebê analisada por pesquisadora da Unicamp Wesley Justino/EPTV VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Categorias: Notícias de RSS

Comer é o melhor remédio, mas isso não inclui fast food

G1 - Ciência e Saúde - ter, 31/01/2023 - 06:00

No começo do mês, pesquisadores da faculdade de medicina de Harvard divulgaram estudo que reforça a relação entre um padrão alimentar saudável e a diminuição do risco de morte prematura. Os cientistas constataram que as pessoas que seguiam uma dieta balanceada apresentavam menores chances de morrer de câncer e doenças respiratórias ou cardiovasculares em comparação com as que comiam mal. O trabalho foi publicado no “JAMA Internal Medicine”. Consumo de fast food: associado ao risco de doença hepática gordurosa não alcoólica, que pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado Daniel Reche para Pixabay Foram utilizados dados, coletados durante 36 anos, de 75 mil mulheres e 44 mil homens. No início do levantamento, nenhum dos participantes havia sido diagnosticado com as doenças citadas e todos preenchiam um questionário sobre seus hábitos alimentares a cada quatro anos. Os resultados foram compatíveis com as recomendações das Diretrizes Dietéticas para Americanos, que aprovam diferentes dietas (como a mediterrânea ou à base de plantas) – dando prioridade às refeições que incluam grãos, legumes, verduras e frutas. A necessidade de optar por comidas saudáveis é endossada por outra pesquisa, recém-publicada na revista científica “Clinical Gastroenterology and Hepatology”, que mostrou que o consumo de fast food – também responsável pelo crescimento do número de casos de diabetes e obesidade – está associado a um quadro de doença hepática gordurosa não alcoólica, que pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado. Os pesquisadores avaliaram 4 mil adultos: aqueles cujo consumo de fast food excedia 20% das calorias ingeridas diariamente tinham níveis elevados de gordura em seus fígados. No entanto, não é apenas o fígado que sofre as consequências do fast food, com altos teores de açúcar e sal, onde sobram calorias e faltam nutrientes. Uma lata de refrigerante do tipo cola contém o equivalente a dez colheres de chá de açúcar, sem qualquer valor nutricional. Na digestão, a quebra dos carboidratos libera glicose e o resultado é o aumento da taxa de açúcar no sangue. O pâncreas então produz insulina, que transporta a glicose para as células. Entretanto, se os níveis se mantiverem sempre altos, o equilíbrio pode ser romper, levando ao diabetes tipo 2. O excesso de sal é um vilão para a pressão sanguínea. Outro componente comum é a gordura trans, que aumenta o LDL (o mau colesterol) e o risco de diabetes e doença cardiovascular. Para o sistema respiratório, a equação é simples: calorias em abundância causam ganho de peso e os quilos extras sobrecarregam coração e pulmões, tornando penosas atividades simples como andar, subir escadas ou fazer exercícios.
Categorias: Notícias de RSS

The Last of Us: é possível que uma pandemia de fungos crie zumbis na vida real?

G1 - Ciência e Saúde - dom, 29/01/2023 - 08:07

A serie The Last of Us imagina como seria uma contaminação por fungos Cordyceps em humanos DIVULGAÇÃO/HBO/WARNER MEDIA/LIANE HENTSCHER A nova série The Last of US, da HBO, apresenta um cenário pós-apocalíptico em que há milhares de pessoas transformadas em zumbis após uma infecção por um fungo se tornar uma pandemia. A série foi a segunda maior estreia deste ano da plataforma HBO MAX e o terceiro episódio fica disponível neste domingo (28). O cenário pode ser fantasioso, mas o tipo de fungo representado na série existe de verdade. São fungos dos gêneros Cordyceps e Ophiocordyceps e na vida real eles realmente transformam suas vítimas em zumbis. Os esporos deste tipo de fungo entram no corpo da vítima, onde o fungo cresce e começa a sequestrar a mente de seu hospedeiro até que ele perca o controle e seja compelido a subir para um terreno mais alto. O fungo parasita devora sua vítima por dentro, extraindo até o último nutriente, enquanto se prepara para seu grande ato final. Então - em uma cena mais perturbadora do que o filme de terror mais assustador - um tentáculo de morte irrompe da cabeça. Este corpo do fungo espalha esporos em tudo ao seu redor - condenando outras vítimas ao mesmo destino se estiverem próximas para serem infectadas. Para nossa sorte, os fungos deste gênero são capazes de contaminar apenas formigas - e somente algumas espécies. Outros fungos similares contaminam outras espécies de inseto, de maneira parecida. Este documentário da BBC (em inglês) mostra uma formiga contaminada pelo fungo. Estalador da série de 'The Last of Us' Reprodução/YouTube/HBO Max Brasil O funcionamento desses fungos parasitas inspirou o jogo de videogame The Last of US, no qual a série da HBO foi baseada. Assista ao trailer da série 'The Last of Us' Na trama dessas obras de ficção, fungos Cordyceps passam a se tornar capazes de infectar humanos e causam uma pandemia capaz de levar ao colapso da sociedade. Mas no mundo real, uma pandemia de Cordyceps - ou causada por outro fungo - é algo que realmente poderia acontecer? "Acho que subestimamos as infecções fúngicas por nossa conta e risco", diz o médico Neil Stone, principal especialista em fungos do Hospital de Doenças Tropicais de Londres. "Já fizemos isso por muito tempo e estamos completamente despreparados para lidar com uma pandemia fúngica." Lista de fungos perigosos para humanos No final de outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua primeira lista de fungos com maior risco para a saúde pública. Os fungos da lista são realmente ameaçadores, mas - pra nosso alívio - não existe na lista nenhum capaz de transformar humanos em zumbis. Por que não? A microbióloga Charissa de Bekker, da Universidade de Utrecht, no Reino Unido, estuda como os fungos Cordyceps zumbificam as formigas e diz que não vê como isso poderia acontecer com pessoas. "A nossa temperatura corporal é simplesmente muito alta para a maioria dos fungos, incluindo o Cordyceps", explica. "O sistema nervoso deles é mais simples do que o nosso, então é muito mais fácil sequestrar o cérebro de um inseto do que o complexo cérebro humano." Uma lagarta consumida por um fungo parasita - as protuberâncias liberam esporos Getty Images via BBC Além disso, explica ela, os sistemas imunológicos deles são muito diferentes dos nossos, o que também dificultaria esse "sequestro". A maior parte das espécies parasitas de Cordyceps evoluiu ao longo de milhares de anos para se especializar em infectar apenas uma espécie de inseto. A maioria não pula de um inseto para o outro. "Para esse fungo ser capaz de ir de um inseto para nós e conseguir nos infectar da mesma forma, é uma distância muito grande", diz Bekker. Ameaças mortais No entanto, a ameaça de uma pandemia fúngica é muito real, embora tenha sido subestimada por um longo tempo. "As pessoas pensam em fungos como algo trivial, superficial ou sem importância", diz o médico Neil Stone. Apenas algumas das milhões de espécies de fungos causam doenças em seres humanos. No entanto, algumas dessas podem ser muito piores do que uma unha infectada ou uma frieira. Pedro Pascal e Bella Ramsey em 'The Last of Us' Divulgação Os fungos matam cerca de 1,7 milhão de pessoas por ano - cerca de três vezes mais que a malária. A OMS identificou 19 fungos diferentes que considera preocupantes. Os mais graves são a Candida auris, o Cryptococcus neoformans e o Mucormycetes - que come nossa carne tão rapidamente que leva a graves lesões faciais. A ameaça global da cândida auris A Candida auris é uma levedura - e libera o mesmo cheiro de fermentação de uma cervejaria ou de uma massa de pão. Mas, diferentemente das leveduras benéficas que usamos para a comida, a Candida auris é um parasita terrível. Ela contamina o sangue, o sistema nervoso e os órgãos internos. A OMS estima que metade das pessoas infectadas por Candida auris morrem. Neil Stone afirma que a Candida auris deve ser nossa principal preocupação JAMES GALLAGHER via BBC O primeiro caso documentado foi no ouvido de um paciente do Hospital Geriátrico Metropolitano de Tóquio em 2009, e desde então o fungo tem se espalhado pelo mundo. A Candida auris é muito difícil de ser combatida - algumas cepas são resistentes a todos os medicamentos antifúngicos que temos. Por isso muitas vezes ela é chamada de "superfungo". A transmissão ocorre principalmente através de superfícies contaminadas em hospitais - é um fungo realmente difícil de limpar completamente. Muitas vezes, a solução é fechar alas inteiras de hospitais, algo que já aconteceu no Reino Unidos. Neil Stone diz que a Candida auris é o tipo de fungo mais preocupante e que não podemos ignorá-lo, pois uma pandemia causada por ele poderia levar ao colapso dos sistemas de saúde. Fungo mortal Outro fungo mortal - o Cryptococcus neoformans - é capaz de entrar no sistema nervoso das pessoas e causar uma meningite devastadora. Os britânicos Sid e Ellie tiveram contato com a doença nos primeiros dias de sua lua de mel na Costa Rica. Elle começou a passar mal e seus sintomas iniciais - dores de cabeça e náuseas - foram atribuídos ao excesso de sol. Mas depois ela começou a ter espasmos e convulsões fortíssimas. "Nunca vi algo pior, me senti tão impotente", diz Sid à BBC. Exames feitos mostraram inflamação em seu cérebro e identificaram o Cryptococcus como a causa. Felizmente, Ellie respondeu ao tratamento e saiu do coma após 12 dias em respirador. "Só me lembro de gritar", diz ela, que tinha delírios quando estava infectada. Agora ela está se recuperando bem. Ellie diz que "nunca" pensou que um fungo pudesse fazer isso com uma pessoa. "Você não acha que vai quase morrer na sua lua de mel." Fungo negro Outra ameaça à saúde pública é o Mucormycetes, também conhecido como fungo negro. Ele causa uma doença gravíssima chamada mucormicose, que normalmente atinge pessoas com o sistema imunológico comprometido. Ele se reproduz tão rapidamente que, se estiver sendo cultivado em laboratório, é capaz de fazer a tampa da placa petri pular. "Quando deixa um pedaço de fruta estragar e no dia seguinte ela virou uma papa, é porque havia um fungo mucormycetes dentro dela", diz a médica Rebecca Gorton, cientista do HSL, o laboratório de serviços de saúde em Londres. Ela diz que a infecção é rara em humanos, mas pode ser realmente grave quando acontece. O fungo ataca o rosto, os olhos e o cérebro e pode ser fatal ou deixar as pessoas gravemente desfiguradas. Uma infecção se espalha tão rapidamente no corpo quanto nas frutas ou no laboratório, afirma Gorton. Durante a pandemia de covid, houve uma explosão de casos de fungo negro na Índia. Mais de 4.000 pessoas morreram. Acredita-se que o enfraquecimento do sistema imunológico das pessoas e os altos níveis de diabetes no país ajudaram na proliferação do fungo. Cerca de 30 casos de contaminação por mucormicose foram registrados no Brasil em 2021, durante a pandemia de covid. Devemos levar os fungos mais a sério? Os fungos geram infecções muito diferentes das provocadas por bactérias ou vírus. Quando um fungo nos deixa doentes, ele quase sempre é captado do ambiente, em vez de se espalhar por meio de tosses e espirros. Estamos todos expostos a fungos o tempo todo, mas eles geralmente precisam de um sistema imunológico enfraquecido para conseguirem se desenvolver. Stone diz que uma pandemia fúngica provavelmente seria muito diferente da pandemia de covid - tanto na forma como se espalha quanto no tipo de pessoa que infecta. Ele acha que a ameaça existe por causa "do volume de fungos que existem no meio ambiente" e por causa de "mudanças climáticas, viagens internacionais, número crescente de casos e do profundo descaso que temos em termos de tratamentos". Esta reportagem foi originalmente publicada em - https://www.bbc.com/portuguese/geral-64442967
Categorias: Notícias de RSS

Parabéns pelos 100 anos!

G1 - Ciência e Saúde - dom, 29/01/2023 - 06:00

No Reino Unido, o cargo de monarca agora é de Charles III, mas um compromisso assumido pela rainha Elizabeth II, em sete décadas de reinado, se mantém inalterado: quem chega aos 100 recebe uma mensagem de congratulação pela data. Há inclusive um “Escritório de Aniversários”, que funciona no Palácio de Buckingham, dedicado ao assunto. As regras são claras: tem direito à cartinha quem completa 100 e 105 anos. Depois dos 105, a pessoa alcança um status especial e é agraciada com o mimo até o fim da vida. Chegar aos 100: marca de longevidade deveria render homenagens Rostislav Uzunov para Pixabay Quem é pensionista e mora no Reino Unido não precisa sequer fazer o pedido para ser lembrado, porque o sistema se encarrega de tudo. No entanto, mesmo quem não se enquadra nesse perfil pode requisitar a mensagem do rei (e da rainha consorte) escrevendo para o escritório, o que inclui habitantes de Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Casais que festejam 60, 65 e 70 anos de casamento também são presenteados – depois do 70º. aniversário de bodas, anualmente. De acordo com a Organização das Nações Unidas, há 400 mil centenários no mundo. Os Estados Unidos reúnem o maior número deles: quase 100 mil, embora o Japão seja o país com o maior percentual da população na faixa etária acima dos 100. No Brasil, a estimativa é de cerca de 25 mil. Se a pessoa chega aos 110 anos, torna-se um supercentenário. No estado norte-americano de Oklahoma, um grupo de voluntários se desloca para as cidades dos aniversariantes para garantir que ninguém chegue aos 100 sem a devida comemoração. Criada em 1991, a Centenarians of Oklahoma prestou homenagens a mais de 2.700 idosos. A presidente da entidade é Gloria Helmuth, que ainda está longe da marca mas, aos 82 anos, já participou de centenas de tributos. O presente consiste em biografia, certificado e pin. Quando um centenário morre, os voluntários encaminham seus dados biográficos para a biblioteca da universidade estadual. A organização vem colecionando conselhos que eles dão sobre longevidade. Há desde frases como “trabalhe duro e economize” a tiradas filosóficas, como “não se preocupe com o que você não pode mudar”. Eu proponho que façamos o mesmo com os bravos guerreiros e guerreiras que alcancem esse marco!
Categorias: Notícias de RSS

As estratégias que prometem ajudar a ter 'força de vontade infinita'

G1 - Ciência e Saúde - qua, 25/01/2023 - 10:23

Muitas pessoas acreditam que a força de vontade é fixa e finita. Mas podemos fazê-la crescer com a ajuda de diversas estratégias poderosas Getty Images Todos nós enfrentamos dias difíceis que parecem surgir para testar o nosso autocontrole. Digamos que você seja um barista, por exemplo, e alguns de seus clientes são particularmente grosseiros e exigentes, mas você consegue manter a elegância ao atendê-los. Ou você pode estar terminando um projeto importante e precisa ficar concentrado em silêncio, sem desviar sua atenção e sem distrações. Se você estiver de dieta, talvez você tenha passado as últimas horas resistindo ao pote de biscoitos. Em cada um desses casos, você fez uso da sua força de vontade - a capacidade de evitar tentações de curto prazo e ignorar pensamentos, impulsos ou sentimentos indesejados, como definem os psicólogos. Aparentemente, algumas pessoas têm reservas de força de vontade muito maiores do que outras. Elas têm mais facilidade de controlar suas emoções, evitar a procrastinação e permanecer fiéis aos seus objetivos, sempre parecendo controlar com mão de ferro o seu comportamento. De fato, talvez você conheça alguns sortudos que, depois de um dia de trabalho duro, ainda encontram motivação para fazer algo produtivo, como exercícios físicos. Nossas reservas de autocontrole e concentração mental são aparentemente moldadas pela mentalidade. E estudos recentes sugerem estratégias poderosas para que qualquer pessoa consiga aumentar sua força de vontade, com imensos benefícios para a produtividade, saúde e felicidade. Leia também Estudo aponta que núcleo da Terra 'freou' e pode afetar duração dos dias, nível do mar e temperatura global; entenda Oscar 2023 anuncia indicados: 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' lidera com 11 indicações Esvaziar o ego Até pouco tempo atrás, a teoria psicológica predominante afirmava que a força de vontade seria como uma espécie de bateria. Você pode começar o dia com carga total, mas, sempre que precisa controlar seus pensamentos, comportamentos ou sentimentos, você gasta um pouco da energia daquela bateria. Sem a possibilidade de descansar e recarregar, esses recursos ficam perigosamente baixos, dificultando muito manter sua paciência, concentração e resistência às tentações. Testes de laboratório aparentemente forneceram provas deste processo. Depois de pedir aos participantes que resistissem à tentação de comer biscoitos mantidos sobre uma mesa, por exemplo, eles exibiam menos persistência para resolver um problema matemático, pois suas reservas de força de vontade haviam se esgotado. Partindo do termo freudiano que designa a parte da mente que é responsável por controlar nossos impulsos, este processo é conhecido como "esgotamento do ego". As pessoas com forte autocontrole podem ter maiores reservas iniciais de força de vontade, mas até elas acabam se esgotando quando colocadas sob pressão. Mas, em 2010, a psicóloga Veronika Job publicou um estudo questionando as bases desta teoria. Ela apresentou evidências fascinantes de que o esgotamento do ego depende das crenças subjacentes das pessoas. Job é professora de psicologia da motivação da Universidade de Viena, na Áustria. Ela começou o estudo elaborando um questionário para que os participantes avaliassem uma série de afirmações, seguindo uma escala de 1 (concordo totalmente) a 6 (discordo totalmente). As questões incluíram: • Quando as situações que desafiam você com tentações se acumulam, fica cada vez mais difícil resistir a essas tentações. • A atividade mental intensa esgota os seus recursos e você precisa reabastecer-se em seguida. • Quando você acaba de resistir a uma forte tentação, você se sente fortalecido e pode suportar novas tentações. • Sua resistência mental alimenta a si própria. Mesmo depois de um esforço mental extenuante, você consegue continuar fazendo mais. Se você se identifica mais com as duas primeiras afirmações, considera-se que você tem uma visão "limitada" da força de vontade. Mas, se você concorda mais com as duas últimas afirmações, sua visão da força de vontade é considerada "ilimitada". Em seguida, Job forneceu aos participantes do estudo alguns testes padrão de laboratório para examinar sua concentração mental, considerando que a concentração depende das nossas reservas de força de vontade. Job concluiu que o desempenho das pessoas com mentalidade limitada costuma ser exatamente igual ao que seria previsto pela teoria do esgotamento do ego. Depois de realizarem uma tarefa que exigia intensa concentração (como a correção trabalhosa de um texto maçante), elas acharam muito mais difícil prestar atenção em uma atividade subsequente do que se tivessem descansado antes. Já as pessoas com visão ilimitada não demonstravam sinais de esgotamento do ego. Elas não exibiam declínio da sua concentração mental depois de realizarem uma atividade mentalmente exaustiva. Aparentemente, a mentalidade dos participantes do estudo sobre a força de vontade era uma profecia autorrealizável. Se eles acreditassem que sua força de vontade se esgotava facilmente, sua capacidade de resistir a tentações e distrações se dissolvia com rapidez. Mas, se eles acreditassem que "a resistência mental se autoalimenta", era exatamente o que acontecia. Job rapidamente reproduziu estes resultados em outros contextos. Trabalhando em conjunto com Krishna Savani, da Universidade Tecnológica Nanyang, em Singapura, ela demonstrou que as crenças sobre a força de vontade aparentemente variam de um país para outro. Eles concluíram que a mentalidade ilimitada é mais comum entre estudantes indianos do que nos Estados Unidos, o que foi refletido em exames da resistência mental. Nos últimos anos, alguns cientistas questionaram a confiabilidade dos testes de laboratório de esgotamento do ego. Mas Job também demonstrou que a mentalidade das pessoas sobre a força de vontade apresenta relação com muitos cenários da vida real. Ela pediu a estudantes universitários que preenchessem questionários sobre suas atividades, duas vezes por dia, ao longo de dois períodos semanais não consecutivos. E, como se poderia esperar, alguns dias eram muito mais difíceis do que outros, gerando sentimentos de exaustão. A maioria dos participantes recuperava-se até certo ponto durante a noite, mas os que tinham mentalidade ilimitada realmente verificavam aumento da sua produtividade no dia seguinte, como se tivessem sido energizados pelo aumento da pressão. Novamente, parece que sua crença de que "a resistência mental alimenta a si própria" havia se tornado sua realidade. Outros estudos demonstraram que a mentalidade sobre a força de vontade pode prever os níveis de procrastinação dos estudantes antes dos exames e suas notas finais. Os participantes com visão ilimitada desperdiçavam menos tempo. E, ao enfrentar a alta pressão das suas aulas, os estudantes com visão ilimitada também apresentaram melhor capacidade de manter o autocontrole em outras áreas da vida. Eles demonstravam menos propensão a comer bobagens ou gastar por impulso, por exemplo. Já os que acreditavam que sua força de vontade se esgotava facilmente com seu trabalho eram mais propensos a cometer esses vícios, talvez porque sentissem que suas reservas de autocontrole já haviam sido esgotadas pelo trabalho acadêmico. A influência da mentalidade sobre a força de vontade também pode estender-se a muitos domínios, como os exercícios físicos. Navin Kaushal, professor de ciências da saúde da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e seus colegas demonstraram que a mentalidade pode influenciar os hábitos de exercícios das pessoas. Aquelas que têm crenças ilimitadas sobre a força de vontade, por exemplo, têm mais facilidade de reunir a motivação para exercitar-se. E um estudo da professora de psicologia Zoë Francis, da Universidade de Fraser Valley, no Canadá, chegou a resultados surpreendentemente similares. Depois de acompanhar mais de 300 participantes ao longo de três semanas, ela concluiu que pessoas com mentalidade ilimitada apresentam maior disposição para exercitar-se e menos propensão a comer bobagens do que as pessoas com mentalidade limitada. É algo revelador que essas diferenças sejam particularmente pronunciadas à noite, quando as exigências das tarefas diárias começaram a cobrar a conta daqueles que acreditam que seu autocontrole pode esgotar-se facilmente. Como aumentar a força de vontade Se você já tiver mentalidade ilimitada sobre a força de vontade, estas conclusões podem deixar você satisfeito. Mas o que podemos fazer se vivemos acreditando que nossas reservas de autocontrole se esgotam facilmente? Os estudos de Job indicam que simplesmente aprender sobre estes estudos científicos de ponta, lendo textos curtos e acessíveis, pode ajudar a mudar a crença das pessoas, pelo menos no curto prazo. Aparentemente, conhecimento é poder. Se isso for verdade, a simples leitura desta reportagem pode já ter começado a fortalecer sua resistência mental. Você pode acelerar este processo contando a outras pessoas o que você aprendeu. Pesquisas indicam que compartilhar informações ajuda a consolidar a nossa própria mudança de mentalidade. Este fenômeno é conhecido como o efeito "falar é acreditar" e também ajuda a disseminar o comportamento positivo entre as pessoas. As lições sobre a natureza ilimitada da força de vontade podem ser aprendidas desde a infância. Pesquisadores da Universidade Stanford e da Universidade da Pensilvânia, ambas nos Estados Unidos, elaboraram recentemente um livro infantil para ensinar às crianças em idade pré-escolar a ideia de que exercitar a força de vontade pode ser energizante, e não exaustivo, e que o autocontrole pode aumentar quanto mais o praticarmos. As crianças que ouviram a história demonstraram maior autocontrole em um teste de "gratificação postergada" que foi aplicado em seguida, em comparação com seus colegas que haviam ouvido uma história diferente. O teste ofereceu a elas a possibilidade de dispensar um pequeno presente no momento para receber um brinde maior posteriormente. Uma estratégia útil para mudar sua mentalidade pode ser relembrar uma ocasião em que você trabalhou em uma tarefa mentalmente desgastante pelo puro prazer da atividade. Pode ter sido uma tarefa no trabalho, por exemplo, que outras pessoas aparentemente achavam difícil, mas que você achou gratificante. Ou, talvez, um hobby, como aprender uma nova música no piano, que exige intensa concentração, mas parece simples para você. Um estudo recente concluiu que praticar este tipo de recordação altera naturalmente as crenças das pessoas em direção à mentalidade ilimitada, já que elas conseguem ver provas da sua própria resistência mental. Para obter mais evidências, você pode começar com pequenos testes de autocontrole que tragam uma mudança desejada na sua vida - como evitar comer bobagens por duas semanas, afastar-se das redes sociais durante o trabalho ou demonstrar mais paciência com um ente querido irritante, por exemplo. Depois de provar a si próprio que a sua força de vontade pode aumentar, pode ficar mais fácil resistir a outros tipos de tentação ou distrações. Você não pode esperar que aconteça um milagre imediatamente. Mas, com perseverança, você deve observar sua mudança de mentalidade e, com ela, o aumento da capacidade de controlar seus pensamentos, sensações e comportamento. Assim, suas ações irão impulsionar você rumo aos seus objetivos. * David Robson é escritor de ciências e autor do livro O efeito da expectativa: como o seu pensamento pode transformar sua vida (em tradução livre do inglês), publicado no Reino Unido pela editora Canongate e, nos EUA, pela Henry Holt. Sua conta no Twitter é @d_a_robson. Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.
Categorias: Notícias de RSS

Foco no paciente reduz o risco de readmissão hospitalar

G1 - Ciência e Saúde - ter, 17/01/2023 - 06:00

No fim de dezembro, “The New England Journal of Medicine” publicou um amplo material sobre as medidas a serem tomadas para diminuir as chances de um paciente voltar a ser internado depois de receber alta, a chamada readmissão hospitalar. A “receita” não é difícil de adivinhar: é preciso levar em conta todas as características da pessoa, incluindo uma avaliação da sua vulnerabilidade social, em vez de utilizar uma mesma métrica para todos. Foco no paciente reduz o risco de readmissão hospitalar depois da alta Fernando Zhiminaicela para Pixabay A Corewell Health, rede que reúne 22 hospitais nos Estados Unidos, mapeou que pacientes apresentavam mais probabilidades de enfrentar dificuldades de recuperação; em seguida, criou um plano customizado, de acordo com as necessidades de cada um. Para o grupo considerado vulnerável, foi montado um suporte de transição com a duração de um mês depois da alta. Além da abordagem interdisciplinar, com profissionais de diversas áreas, o trabalho não se limitava aos desafios clínicos: as intervenções abrangiam questões como os determinantes sociais de saúde (por exemplo, as condições da moradia). O resultado da experiência, que se estendeu por 20 meses, não poderia ser diferente: recuperação mais rápida das pessoas e custos menores para o sistema que conseguiu evitar a reinternação. O que me leva a citar um outro estudo sobre o papel dos hospitais para reduzir a desigualdade na saúde, caso passem a avaliar os pacientes levando em conta suas necessidades sociais, como insegurança alimentar, precariedade de moradia, falta de acesso a transporte, incapacidade de pagar contas básicas e exposição à violência. Para mudar a situação, os Estados Unidos vão adotar três medidas para produzir uma visão mais abrangente do paciente. A primeira entra em vigor este ano e estabelece o compromisso dos hospitais em cinco frentes: eleger a igualdade na saúde como prioridade estratégica; levantar as informações sociodemográficas dos pacientes; analisar o material; adotar medidas focadas em sanar disparidades na saúde; e, para fechar, exigir o comprometimento das lideranças nesse esforço. A segunda e terceira etapas serão consequências: a obrigatoriedade de os hospitais relatarem a porcentagem de adultos que foram beneficiados por essa abordagem e quantos se enquadravam num perfil vulnerável. Com certeza será preciso padronizar as ferramentas de medição, qualificar a mão de obra das instituições para que o projeto dê certo e azeitar o compartilhamento dos dados para ajustes nas políticas públicas. Torço para que funcione, embora os investimentos necessários possam se tornar um grande desafio. O blog entra num breve recesso e a coluna voltará a ser publicada no dia 29.
Categorias: Notícias de RSS

Terapia celular e genética, um mercado estimado em R$ 300 bi

G1 - Ciência e Saúde - dom, 15/01/2023 - 06:00

A física reinou absoluta no século XX, em aviões e computadores, mas agora a revolução científica acontece numa nova fronteira: a da biologia. A terapia celular e genética é a menina dos olhos da indústria farmacêutica, um segmento que valia US$ 7 bilhões em 2021 e que deve alcançar US$ 58 bi em 2026 (mais de R$ 300 bilhões). Nesse ecossistema – com o qual a maioria de nós tem intimidade zero – é possível, através da terapia gênica, introduzir, substituir ou remover genes de células, ajudando no tratamento de doenças até então incuráveis. Ou optar por terapias de RNA, que não causam mudanças permanentes no DNA: como acontece na vacina contra a Covid desenvolvida pela Pfizer, o RNA mensageiro transporta uma cópia de instruções genéticas com “orientações” que são utilizadas na produção de proteínas que vão atuar no combate à enfermidade. Pesquisadora em laboratório: mercado da terapia celular e genética é estimado em 300 bilhões de reais Michal Jarmoluk para Pixabay Um ótimo exemplo do que, há apenas uma década, seria visto como ficção científica é o de uma vacina que, simultaneamente, destrói tumores no cérebro e treina o sistema imunológico para impedir a recorrência da enfermidade. O trabalho, divulgado no começo do mês na revista “Science Translational Medicine”, é desenvolvido no Brigham and Women´s Hospital, da Harvard University. Os testes ainda estão sendo realizados em cobaias, com resultados promissores, avalia Khalid Shah, vice-diretor de pesquisas no Departamento de Neurocirurgia: “Estamos usando engenharia genética para reprogramar células cancerosas de forma que se tornem a própria vacina que vai combater o câncer e estimular o sistema imunológico para destruir tumores primários e prevenir a doença”. As empresas de biofármacos apostam num leque de aplicações terapêuticas e a área da oncologia é a que recebe o maior volume de investimentos, seguida pelas pesquisas envolvendo problemas no sistema nervoso central e a oftalmologia. A Anvisa já aprovou produtos de terapia gênica: o Zolgensma, usado para tratar crianças com atrofia muscular espinhal (ao custo de R$ 6.5 milhões, é conhecido como o remédio mais caro do mundo); o Luxturna, indicado para distrofias hereditárias da retina; e o Kymriah, para o câncer hematológico. Quando o mercado ganhar escala, são esperadas drogas para um número ampliado de distúrbios, inclusive aqueles que afetam uma parcela significativa da população, como altos índices de colesterol. No entanto, essa nova fronteira da ciência embute uma questão ética: esse território será exclusivo para milionários? A revista científica “The Lancet” lançou mês passado uma série de estudos alertando que racismo, xenofobia e discriminação são ameaças à saúde pública e devem ser objeto de mobilização mundial. De acordo com os cientistas, das doenças cardiovasculares à Covid-19, questões raciais e étnicas estão listadas como fatores de risco. Pior: a desigualdade tem criado distorções como se o produto de séculos de iniquidade fosse um aspecto genético e imutável. A série desafia isso, mostrando como privações socioeconômicas – e não características fisiológicas – são a causa de morbidades. Basta pensar numa penca de atributos que impactam a existência do ser humano: más condições de moradia, violência, poluição atmosférica, alimentação de má qualidade, falta de acesso a saúde, educação, espaços verdes, lazer...
Categorias: Notícias de RSS